9.4.07

Hoje

O médico disse que eu vou melhorar.
As pessoas à minha volta dizem o mesmo.

Eu me sento e aguardo (hanging on in quiet desperation..., já dizia o poeta inglês).

Noite retrasada fiquei por doze horas rente à cama velando o mais belo sono: cada detalhe, cada fio de cabelo, cada posição dos dedos, os lábios, seus pés.
Cílios do belo sono, celas para meu amor desgastado, meu amor silente por tanto erro – meu amor que ao invés de recriar-se e ser novo e ser de novo só sabe dizer não.

Ah amor besta e que para nada terá serventia, mortalhe-se!
E que venha então o novilíneo amor, o calmilínio amor, a retransfiguração do que findou-se e que deverá aguardar por sua vez na posta-restante.

Hoje um abraço trouxe-me pra casa, pôs-me no colo.
Um inesperado carinho inverteu minha dor.
Beijos familiares resgataram-me. E de repente eu vi almas que jamais deveriam ter sido afastadas executando gestos bailarinos, em contíguos e doces movimentos ensaiados em algum mundo anterior. Em algum Mundofada capaz de produzir aquarelas em nossa memória, em nossa existência.

Memóriaquarela, que eu te acesse pra sempre a cada novo fechar de olhos...
E que aquilo que tiver que se recriar, que seja recriado, só que então por novas cores de criança.

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