24.2.07

Não governamentais que se sustentam com dinheiro do...

Mais virulentos que petralhas, segundo percebo, sãos os ongueiros. Por mim, estariam todos desempregados, quem sabe fazendo malabarismo em farol, já que a maioria resistiria a pegar no pesado e nem mesmo se esforçaria para vender chiclete, uma atividade ao menos produtiva, que faz circular o dinheiro...

Há ONGs sérias? Deve haver. No Brasil, a sua força avassaladora corresponde aos últimos, creio, dez anos. Reparem como o Brasil melhorou nesse período...

Bastou uma década de militância ativa dessa gente para que, por exemplo, a favela deixasse de ser alguma coisa que precisava acabar para se tornar uma produtora de valores alternativos. Sem dúvida, uma conquista e tanto!

A seriedade das ONGs, pra mim, se traduz numa evidência: quantas vítimas fatais vocês conhecem do alimento geneticamente modificado? Repito a pergunta: quantas pessoas já foram prejudicadas por milho ou soja transgênicos? Mostrem-me uma única reportagem relatando um caso.

Agora procurem saber — eu não sei: quantas são as ONGs existentes destinadas a combater os transgênicos. E depois tentem investigar quantas são as organizações não-governamentais voltadas ao combate da diarréia infantil, a principal causa da morte de crianças pobres no Brasil.

Eu sou capaz de jurar que há mais ONGs preocupadas com tartarugas do que ocupadas em combater a tuberculose, que mata muito mais do que AIDs e recebe bem menos recursos de entidades tanto públicas como privadas.

Morte-propaganda

Por que os meninos-João não têm o seu Chico Buarque?

Pela mesma razão por que você não vê cadáveres de crianças judias expostas em praça pública quando são mortas por terroristas árabes. Já as crianças palestinas que morrem vítimas do Exército israelense são exibidas como troféus. A isso se chama “ideologização da morte”.

Há os mortos influentes, e há as que não têm a menor importância.

Imaginem, por hipótese, o que teria acontecido se um cidadão de classe média, achacado num farol, como acontece a toda hora, tivesse arrancado com o carro e arrastado um dos “menores de rua” protegidos — em tese — pelas ONGs e pelos padres de passeata. O mundo viria abaixo, e o caso seria julgado pela OEA.
Outro exemplo?

Quem não se lembra da comoção nacional e internacional que provocou o assassinato da freira Dorothy Stang? Praticamente ao mesmo tempo, Luiz Pereira da Silva, um policial pernambucano, foi torturado e morto num assentamento do MST. Não houve um padre, um só que fosse, para prantear a sua morte . Fiz um teste: há 110 mil referências a “Dorothy Stang” no Google. E a Luiz Pereira? Cabem nos dedos das mãos, e sobram dedos.

20.2.07

Angst, anxiety, angoscia, angoisse

A angústia está aqui, bem aqui dentro e não há como ou para onde correr: esta é a descoberta da semana; esta é a percepção que eu precisava há muito, desde sempre.

Por isso este seja aquilo o que, talvez, permita com que tudo se rearranje, tudo se reinterprete, tudo se recrie.

Difícil me recordar de coisa mais importante. Difícil que coisa mais importante, relativa à percepção de si, ocorra.

Agora é pra valer. Encarar o dragão, tentar encontrar o que fazer com ele (guardá-lo um pouco aqui, escondê-lo um pouco acolá) sabendo que ele é eterno, que ele sempre estará, que ele é.

Pedaço grande do que sou o bicho: os que vieram antes de mim não souberam o que fazer com ele e se deram mal. Tentaram fugir do que é si mesmo e se tornaram ainda mais indefesos. Ao tentar correr deram as costas, se desesperaram. E como o monstro é rápido, estapafúrdias foram as lutas.

Tenho tudo em mãos pra fazer diferente. Espero que o faça. Não sei exatamente ainda se posso porque o bicho faz com que não se queira. A angústia é esperta, sorrateira. Hoje mesmo, agora, não soube o que fazer com ela e tentei jogá-la aqui. Não sei se deu certo, acho que não. Amanhã...

Muita força, é preciso muita força, sempre, e isso cansa (tá vendo ela virando o jogo?).
Preciso urgentemente de ansiolíticos. Quem os tiver, favor mandar aqui pra casa. Aceito de todas as cores e tamanhos.

Fico no aguardo de almas bondosas.

17.2.07

Lula, a Hannah Arendt dos quadrúpedes

Comentário do nosso presidente sobre a morte do menino João:

- Isso não está no racional da humanidade e do mundo animal. Está no irracional da humanidade e do mundo animal.

E pensar que mais de 60 milhões de votos apoiaram este nosso "líder".
Talvez o comentário também explique este fato.

11.2.07

Uma canção

Só porque hoje eu fui à casa do Carlão e eles tens uns cd´s ótimos de coletâneas.
Só porque agora eu estou levemente bebum.

Bem, no meio das coisas, eis que surge esta canção.

Fabiano 15 anos atrás, quando então cada verso atingia o seu ponto.

Tenho problemas pra postar coisas do YouTube, então se não funcionar, aqui vai o link:
http://www.youtube.com/watch?v=ePK3iP0sk5k

10.2.07

Do blog do Reinaldo

Aquele “menor”, bem maior do que o menino João, cujo corpo ele ajudou a espalhar pelas avenidas do Rio, vai ficar três anos internado. E depois será solto entre os meninos-João, por quem não se rezam missas de apelo social. Resta só a dor da família: privada, sem importância, sem-ONG, “sem ar, sem luz, sem razão”. Sobre o assassino, há de se derramar a baba redentora rousseauniana: ele nasceu bom; foram os insensíveis da classe média, à qual pertencia o menino João, que o tornaram um facínora. Simbolicamente, a culpa é de quem morre. Também notei que os jornalistas ficaram um tanto revoltados com a polícia, que obrigou os bandidos a mostrar o rosto. Não há dúvida: terrível ameaça à privacidade. Era só o que faltava: trucidar o menino João e ainda ser obrigado a expor a cara... Que país é este? Já não se pode mais nem arrastar uma criança num automóvel e permanecer no anonimato? Sabem do que morreu o menino João? De um ataque virulento de progressismo. Para o menino João, não tem ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), não. Não tem ONG, não. Não tem música do Chico, não. O menino João já nasceu sem perdão. É o guri dos sem-Chico Buarque.

A barbárie, bem rápido

Estou trabalhando muito, por isso o abandono repentino.

Quero apenas dizer algumas coisas rápidas sobre o termo da semana, a barbárie.

Sim, há muito a situação está fora de controle. Não se trata mais de roubar, não se trata mais de roubar e matar, se trata agora de compor requintes para o assassínio.

Sinto-me, como muitos, em corrente pré-pânico em viver numa sociedade em que coisas deste tipo têm permissão para acontecer; e pior, acontecem.
Só não entendo os questionamentos sobre o como chegamos aqui, sobre o modo de agir exacerbadamente violento de certos indivíduos, sobre as questões relativas à nossa moralidade.

A nossa moralidade é uma moralidade precária, deficitária, fraca como uma criança mal alimentada.

Não há porque acreditarmos que somos cordados, educados, kantianos.

Acabamos de eleger um governo reconhecidamente corrupto, em que crimes foram tratados com tamanha banalidade que o presidente da república foi capaz de admiti-los em cadeia nacional.

O que se esperar de um lugar como esse?

Se a população admite ser representada por criminosos, por que achar que ela possui algum tipo de moralidade que permita uma convivência democrática e minimamente pacífica?

Se roubos são admitidos pelo poder público na TV, o que se fará com os crimes que envolvam diretamente vidas?

A coisa é óbvia: recolocá-los no lugar de causadores de choque, de coisa ainda pior.
A moralidade parte daquilo que pode ser exposto, do aceitável, admissível, e percorre um caminho até a outra ponta, a do insuportável.

É como uma régua fixa: se o admissível está em 2, o inadmissível estará em 12. Agora se roubos descarados e desvios de dinheiro são aceitos, o que coloca o início da régua em 10, a outra ponta vai parar obviamente em 20, ou seja, a tal da barbárie.

O que se conclui portanto?

Que somos uma sociedade doente e que grande parte de nós admite a criminalidade, o que nos torna autores passivos de crimes diários.

E mais, que não devemos ser cínicos e bancar uma de que "não estou entendendo o porquê disso", quando a motivação para a piora parte de nossas autônomas escolhas.

O Brasil é composto por um povo imoral e ponto. E temos retrocedido, e temos nos medievalizado.

Se o exemplo do aceitável é ruim, ser ruim é ser o pior possível: este é o buraco para o qual, de mãos dadas, caminhamos. Lembrando que o buraco é cada vez mais vivo porque defendido e patrocinado por Estatutos e ONGs que embandeiram este tipo de pensamento.
Espero apenas que eu e meus próximos saiamos vivos desta história: no cada um por si, todos estão contra todos.