30.4.07

Noites do final de semana

Sonho n. 1


Eu em uma espécie de parapeito a cerca de 40 metros de altura. O lugar onde me equilibro tem cerca de 30cm de largura. Mais abaixo, uma piscina. Uma piscina muito, muito profunda. O lugar é soturno: um complexo aquático, todo coberto, com suas luzes apagadas. Lá fora faz frio e o tempo está nublado. Há uma escada amarela que sai da piscina e termina logo abaixo de onde estou. Não consigo alcançar a escada. Um rapaz sobe a escada e pula na piscina. Está de sunga laranja. Vejo seu corpo afundar, afundar, até desaparecer. Depois de um dado momento ele retorna. O rapaz faz isso ininterruptamente enquanto eu continuo me equilibrando, angustiado, com medo de cair.

Sonho n. 2

Um quarto pequeno, acarpetado. O carpete é azul. Reginaldo está em pé, em um canto, perto de uma escada (escada que desce para a parte de baixo do apartamento). F. chega e fala um oi sem graça. Eu me angustio de novo. F. está vestindo uma calça bege e uma camisa com listras verdes e brancas. Penso que a camisa se parece muito com a camisa do Celtic (o inconsciente, como já disse, é brincalhão, ainda que a piada seja pesada). F. se deita em um colchão no meio do quarto. Vejo um trabalho seu. Ele me transtorna. Uma instalação feita dentro de uma caixa de acrílico vermelho. Na caixa há uma inscrição na tampa – Oi ou Ai – não me lembro bem. Dentro várias peças interessantes e um texto. Entro em uma cabine e fecho a cortina. Estamos todos muito cansados. O sonho se passa no instante em que é sonhado, ou seja, lá pelas cinco da manhã.

26.4.07

Oie...

Sim pessoas, me sinto melhor.

Melhor porque sou uma pessoa de sorte e tenho oportunidades que poucas tiveram.
Melhor porque sei que tenho trilhado meu caminho e, querendo ou não, ele tem dado certo.
Melhor porque tenho vocês que lêem isto aqui e me procuram.
Melhor porque cansei de regar espinhos ou, na verdade, estou sarando deste tipo de cultivo improdutivo, deste cultivo de doença. Cultivar maníacos não é realmente a melhor saída e, por isso, me retiro disto e recupero a minha saúde.

Beijos a todos

20.4.07

ST

Eu queria acordar amanhã e descobrir que tudo isso é mentira, que tudo isto é sonho, que tudo isto é sei lá o quê.
Eu queria acordar amanhã sem este pensamento atordoante, sem esta dúzia de imagens cortantes, sem este movimento incessante de braços e pernas que me fazem parecer um inseto descompassado.

Sim: estou cansado, muito cansado. Não estou dando conta: isto é fato. E o que é pedir ajuda? Quem pode me ajudar? Penso com o que me resta pra pensar e não encontro algo. Estou com medo.

16.4.07

Arnaldo...

Dia 17/04, às 19h30, no Dom Pedro, Arnaldo Antunes: mais um milagrezinho pra me tirar do buraco.

Depois eu conto do show, tecendo minhas considerações sobre a vida e a poesia.

9.4.07

Hoje

O médico disse que eu vou melhorar.
As pessoas à minha volta dizem o mesmo.

Eu me sento e aguardo (hanging on in quiet desperation..., já dizia o poeta inglês).

Noite retrasada fiquei por doze horas rente à cama velando o mais belo sono: cada detalhe, cada fio de cabelo, cada posição dos dedos, os lábios, seus pés.
Cílios do belo sono, celas para meu amor desgastado, meu amor silente por tanto erro – meu amor que ao invés de recriar-se e ser novo e ser de novo só sabe dizer não.

Ah amor besta e que para nada terá serventia, mortalhe-se!
E que venha então o novilíneo amor, o calmilínio amor, a retransfiguração do que findou-se e que deverá aguardar por sua vez na posta-restante.

Hoje um abraço trouxe-me pra casa, pôs-me no colo.
Um inesperado carinho inverteu minha dor.
Beijos familiares resgataram-me. E de repente eu vi almas que jamais deveriam ter sido afastadas executando gestos bailarinos, em contíguos e doces movimentos ensaiados em algum mundo anterior. Em algum Mundofada capaz de produzir aquarelas em nossa memória, em nossa existência.

Memóriaquarela, que eu te acesse pra sempre a cada novo fechar de olhos...
E que aquilo que tiver que se recriar, que seja recriado, só que então por novas cores de criança.

F41.2 Transtorno misto ansioso e depressivo

Esta categoria deve ser utilizada quando o sujeito apresenta ao mesmo tempo sintomas ansiosos e sintomas depressivos, sem predominância nítida de uns ou de outros, e sem que a intensidade de uns ou de outros seja suficiente para justificar um diagnóstico isolado. Quando os sintomas ansiosos e depressivos estão presentes simultaneamente com uma intensidade suficiente para justificar diagnósticos isolados, os dois diagnósticos devem ser anotados e não se faz um diagnóstico de transtorno misto ansioso e depressivo.

Este é o meu número no CID: qual é o seu?

8.4.07

Macte animo generose puer...

Sim, sim amigos: hoje é Páscoa.

Tudo o que quero é almoçar com meu filho e depois jogar-me no mar de águas gelatinosas, paralisantes, densas. O mar que tudo estaciona e faz o acima calar.

O ontem à noite ainda não passou. Não passará. Novos alfinetes na memória, novos cortes na história, novas infrutíferas canções de ninar.

O que me vem sobrando desde então são dúvidas - são espamos que vagam pelo meu corpo, são desconexões de cenas descontinuadas. Será que devo entender somente as boas passagens? Ou as paisagens duras é que deverão sentenciar?

A esperança continua não sei mais porquê, e está sentada há horas na beira da cama velando o mais belo e inesquecível sono.

6.4.07

Flectere si nequeo superos...

Flectere si nequeo superos, Acheronta movebo.

Flectere si nequeo superos, Acheronta movebo.

Flectere si nequeo superos, Acheronta movebo.

4.4.07

Sonho

Pergunta da semana passada: e se aquilo que você mais quer, mais deseja, mais espera, não vier a acontecer - o que você vai fazer da vida?

Não sei.

Mas nesta noite, por cerca de uma hora, o sonho, funcionando como deve, tratou de me satisfazer.

E como foi bom!
E como eu não queria ter acordado!
E como eu fiz de tudo pra ter o sonho de volta...
E como eu não o tive, restou-me o sono do resto, o cansaço do desânimo, da opacidade do que há no entorno.

Serão estes caminhos?